As conversas começaram entre amigos --eram dez pesquisadores que acreditaram que precisavam fazer mais do que só comentar sobre a tragédia. Mas logo a iniciativa tomou enormes proporções. Hoje, o projeto conta com uma página no Facebook com mais de 3.500 inscritos e um crowdfunding, financiamento coletivo, que já arrecadou mais de R$ 27 mil.
"Estávamos trocando uma infinidade de posts e surgiu a vontade de fazer um trabalho independente e de fácil acesso, usar nossas habilidades científicas para compreender o que realmente aconteceu. Criamos uma corrente científica." Alexandre Martensen, biólogo que ajuda na coordenação do estudo enquanto faz doutorado na Universidade de Toronto
Os primeiros pesquisadores do grupo, batizado de Giaia (Grupo Independente para Análise do Impacto Ambiental), foram até Mariana com recursos próprios ou com apoio de universidades. Depois moradores e voluntários de diversas áreas se juntaram.
"Não tínhamos ideia das proporções que alcançaríamos. A proposta era conseguir juntar R$ 50 mil para financiar análises do solo e da água, para ver como a lama de fato afetou a região. Mas o número de voluntários foi tamanho que agora há diversos subgrupos para estudos das mais variadas vertentes", conta Martensen.
Advogados voluntários estão analisando a parte legal da catástrofe, enquanto moradores auxiliam na coleta de amostras. Pesquisadores colaboram cedendo estudos sobre a região ou oferecendo novas análises aprofundadas da fauna e da flora.
O Giaia planeja colocar em um site todos os estudos, publicados de maneira que qualquer leigo consiga compreender os resultados. As informações estarão disponíveis em detalhes, com a origem da amostras analisadas, quem as colheu, quando e qual o laboratório responsável pela análise.
"Junto com a tragédia veio uma enxurrada de informação e não sabíamos quem tinha razão na análise de dados", explicou Martensen. "Por exemplo, há quem acredite que o rio pode diluir a lama e voltar a viver, há quem diga que ele está morto. Não compramos nenhuma resposta, mas incentivamos os estudos para compreender a situação."
O grupo conseguiu amostras da água e do solo limpos, antes de a lama alcançar a foz do rio, e por isso será capaz de fazer diversos estudos comparando o antes e depois. As amostras serão encaminhadas para diferentes laboratórios para garantir resultados precisos dos danos na bacia do rio Doce. "Sem vínculos com empresas, queremos divulgar os resultados sem interesses subjetivos", ressalta o biólogo.
O projeto animou a comunidade científica. Além de criar um grande acervo de pesquisa capaz de viabilizar respostas claras sobre o acidente, o projeto abre portas para estudos futuros.
FONTE: UOL
Texto a seguir está no site Kickante para obtenção de fundos para a pesquisa:
A divulgação da iniciativa atingiu um número enorme de pessoas, vários profissionais relacionados ao tema se ofereceram como voluntários. Várias outras iniciativas de monitoramento e relato dos impactos causados pela lama que desce o Rio Doce estão em andamento.
O momento e a quantidade de pessoas agregadas oferecem a oportunidade única de realizar um trabalho colaborativo envolvendo comunidade científica e cidadãos atingidos pelo desastre através do conceito de ciência cidadã.
O envolvimento da comunidade nas atividades científicas é fundamental para expandir a nossa capacidade de coleta de dados; ampliar, disseminar e valorizar o conhecimento científico; valorizar e empoderar o cidadão, além de ampliar o pensamento crítico e gerar insumos políticos para um possível debate posterior das consequências do desastre.
Continuamos contando com a ajuda de todos para a construção coletiva do relatório!
https://www.facebook.com/giaia2015
http://giaia.eco.br/
A lama liberada pelo rompimento das barragens seguirá o curso dos rios em seu caminho, causando impactos negativos enormes, tanto para as populações humanas que vivem às margens quanto para os ambientes por onde passa. A mortandade da fauna comprometerá a biodiversidade dos corpos de água e a regeneração destes ambientes será demorada, aumentando os efeitos do desastre.
Os impactos ambientais devem ser documentados com a maior isenção e precisão possíveis. Isto é de extrema importância para que decisões relacionadas ao evento sejam tomadas também de forma isenta, reais responsabilidades sejam apuradas, além de proporcionar condições para amenizar os danos causados e fornecer subsídios que ajudem a criar procedimentos que minimizem o risco de que o fato se repita em empreendimentos semelhantes.
Considerando que este é um dos maiores desastres ambientais sofrido pelo Brasil, envolvendo rios e as populações a sua volta, abrangendo vários municípios, que as posturas das instituições públicas são vagas e o poder econômico dos envolvidos, é de extrema importância que exista um relatório independente e isento, que possa ser utilizado nas ações decorrentes relacionadas aos efeitos do rompimento das barragens.
Preocupados com isto, um grupo de pesquisadores se mobilizou voluntariamente para realizar este levantamento.
TODOS OS NOSSOS RESULTADOS SERÃO DE DOMÍNIO PÚBLICO constituindo-se em ferramenta para que este desastre não fique impune.
Faremos PRESTAÇÃO DE CONTAS PÚBLICA DE CADA CENTAVO.
Para nós, ética e rigor científico são valores fundamentais e incondicionais. Somos um grupo independente e apartidário.
Para concretizar os trabalhos, é necessário cobrir as despesas envolvidas. Para isto contamos com a ajuda de todos. Contribua para esta iniciativa e mostre que não aguentamos mais o acobertamento de eventos como este.
#GIAIA
#somostodosresponsáveis
#sosriodoce
Quer contribuir com a pesquisa??? Clique AQUI
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